sábado, 5 de abril de 2008

O Não E A Negação da Anima (Alma)


O Não E A Negação da Anima (Alma)

As pessoas têm uma visão negativista das coisas negativas. A redundância dessa frase foi proposital e logo o leitor entenderá. As pessoas acreditam que tudo que seja negação é necessariamente negativo, como uma forma de dizer: é ruim, faz mal, não presta. Daí vêm certos conceitos humanos, alguns filosóficos ou religiosos, do tipo:

- Luz é bom. Trevas é ruim.
- Positivo é bom. Negativo é ruim.

Há pouco tempo, a mulher era vista como algo negativo. Escrever com a mão esquerda é sinistro. O correto e bom, o positivo, é ser destro. De todos esses conceitos, o mais equivocado, sem dúvidas é o que define o dizer “ Não”. É disso que falaremos.

A negação da raiva faz mal

É muito comum encontrarmos pessoas boazinhas e sofredoras. Pessoas que se queixam e adoecem, e que em suas falas aparecem frases do tipo: “ Eu ajudo todo mundo, e quando preciso ninguém me ajuda”. Outras, com muito orgulho adoram enaltecer as suas preocupações excessivas com os problemas de amigos e parentes, e num suspiro triunfante, arrematam: “ nem sei como eu agüento tudo isso.”

Dentro desse contexto, encontramos muitas dessas pessoas “boazinhas”, extremamente raivosas. Isso mesmo, muito raivosas, e a maior prova da raiva é a doença que geram em si mesmas.

Recentemente, num filme protagonizado por Jack Nicholson, fazendo o papel de um psiquiatra singular, ele traz o conceito dos “raivosos bonzinhos”.

Através da personagem Buddy Rider, traz a analogia dos dois tipos de raivosos que existem: o cliente explosivo e o caixa de supermercado.

O raivoso cliente explosivo, é aquele que por algum motivo, seja um preço errado, explode toda sua fúria sobre o pobre funcionário do supermercado, que nada pode fazer, além de ouvir, afinal, o cliente sempre tem razão.

O raivoso caixa de supermercado é aquele que engole todos os ataques de clientes raivosos e não pode fazer nada, afinal, ele está ali e deve ser bonzinho.

De acordo com a analogia apresentada pelo filme, a personagem Buddy Rider (Jack Nicholson) alerta que os raivosos do tipo caixa de supermercado são os piores, pois no dia em que explodirem sua fúria, serão capazes de cometer atos terríveis.

Na prática, esses conceitos estão corretíssimos, pois a raiva não trabalhada agirá contra o próprio raivoso, na forma de ataque contra si mesmo, seja em forma de depressão, ou até mesmo em suicídio.

Mas o que a raiva tem a ver com saber dizer “Não”.

Tem tudo a ver. Antes disso, precisamos compreender que sentimento de raiva é natural ao ser humano, não é pecado e deve ser elaborado, para não causar o desequilíbrio, freqüentemente encontrado na forma de fúria, agressão e violência.

Tanto o “raivoso explosivo” quanto o “raivoso caixa de supermercado” que engole a raiva, irão desequilibrar-se. Evitar o desequilíbrio implica, num primeiro momento aceitar a raiva.

Isso mesmo. Admita: você é um raivoso. Respeitando o seu espaço: aprenda a dizer não e conheça os disfarces da raiva.

Aprendemos que as pessoas “boazinhas” na verdade são raivosas que não se manifestam. Não sabem dizer não. E elas agem assim por diversos motivos:

- Pela educacão que tiveram, de que ser bom é não ser agente de discórdia, e que devem ficar caladas, mesmo achando que sua opinião discordante seja a correta. Passam por tímidos, encabulados, que não tem “boca para nada”.

- Pela educação que tiveram, aprendendo que respeito significa obedecer. Geralmente nasceram em famílias conservadoras, onde questionar a autoridade paterna ou maternal, era sinal de desrespeito e pecado.

- Porque precisam sentir que agradam sempre. Na verdade, nesse caso, a vaidade de ser uma pessoa “amiga de todas” fazem com que percam seu espaço e sua opinião própria perante os outros. Embora tenha. Essa perda do espaço é fundamental para criar um bonzinho raivoso.

Sem nunca dizer não, essa pessoa é pressionada ao extremo e das duas uma: ou explode em fúria, ou implode em depressão. Lembrando que a depressão nada mais é que a raiva direcionada a si mesmo.

Nas pessoas, de modo geral, admitir que se está com raiva é muito difícil. A pessoa teme ser vista como impulsiva e pouco inteligente. Se for religiosa, pior ainda, pois é contra os ensinamentos teístas. Afinal, temos que amar o próximo e perdoar sempre.

Mas negar a raiva, escondê-la, é o mesmo que ser celibatário forçado. A raiva está ali, chegará num ponto em que irá explodir,o raivoso bonzinho é uma panela de pressão.

Uma das formas que os raivosos sublimam a raiva é através de problemas do trato gastrointestinal:

- Lá vêm as gastrites e úlceras, típicas dos engolidores oficiais de sapos.

- Problemas no aparelho fonador: perda da voz, pois nunca podem falar mesmo.

- Hérnias de hiato.

- A fibromialgia, tão discutida, revelando dores por todo o corpo, como um alerta do tipo: não me toque que machuca, não chegue perto pois perdi meu

espaço e dói.

- A diabetes, como uma forma de reter o aspecto doce da vida em forma de açúcar.

- A depressão, por se sentir um completo idiota e ficar com raiva de se permitir ser enganado.

E por aí poderíamos elencar uma grande quantidade de patologias e comorbidades, cuja causa é a raiva.

Percebemos que negá-la ou escondê-la não adianta. Da mesma forma não podemos ter um dia de fúria e sair quebrando tudo e todos com um taco de baseball. E o mais importante: todos nós sentimos raiva em algum momento. O que fazer então?

“Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma” (Lavoisier)

Desconfie de quem não reconhece que sente raiva. Recentemente, conversando com um amigo, do tipo uma “alma”, pessoa de bom coração, daquelas que “tiram as calças” se você precisar de uma, de fala mansa e conciliadora, recentemente viúvo, observei suas queixas a respeito da saúde. Conhecendo sua história, uma pessoa muito confiável, e respeitada em seu trabalho, pedi a ele que parasse de engolir a raiva para ser uma pessoa mais saudável.

Quem ouviu, ficou perplexo comigo. “Imagina, o nosso amigo fulano ser raivoso. Ele não tem boca para nada…” Nisso o próprio admitiu: “tu tens razão, eu que achava que disfarçava. Mas não consigo me livrar dela.” Claro que não consegue. Não admite, esconde ela. E quanto mais esconde, mais ela trabalha contra você.

Assim vai umas dicas de raivosa para raivosos:

- Não deixe a raiva acumular. Se uma situação lhe estressa, pense bem e tente resolver a questão, por pior que seja.

- Só diga que perdoa se realmente for perdoar, seja honesto com você.

- Aprenda a dizer: “Não gosto que falem isso para mim”. “Sou seu amigo, mas entenda, não poderei ajudá-lo dessa vez.”

- Não poderei ir, tenho compromisso já marcado

- Esses problemas são seus, não posso resolver por você.

- Vamos mudar de assunto? Não estou a fim de ouvir esse tipo de coisa. (Especial para parentes fofoqueiros e gente que só fala de tragédia e doença).

Use a força da raiva para a criação:

- Cante, dance, esmurre, pinte um quadro, faça um desenho, mostre a lingua (nem que seja trancado num banheiro), mande catar coquinho, grite no travesseiro…kkk essa é boa. Depois lave o rosto respire fundo.

- Use a força da raiva para limpar gavetas, tirar roupas que não usa mais, eliminar papéis desnecessários, limpar a casa.

- Perdoe-se depois. Você tem direito a ter sua raivinha.

- Explique as pessoas ao redor que você está com raiva, e que vai passar.

- Jamais faça comida em estado raivoso. Ela fica horrível. ( Eu sei se a comida foi feita com raiva na primeira garfada)

- Jamais se alimente enquanto está com raiva. Você estará magnetizando esse alimento de forma raivosa, além de ter péssima digestão.

- Pratique atividades físicas, que colocam a adrenalina a funcionar a seu favor.

- Aprenda a desligar a Tv, o radio, o computador e ouça seus pensamentos. Dialogue com você mesmo.

- Faça um Blog

Para quando a raiva passar:

- Atividade sexual é extremamente relaxante. A raiva é uma energia que vem do chackra básico. Acomete nossa Anima quando em desequilíbrio. Sexo faz bem para circular essa energia de forma correta. Vida sexual ativa e prazeirosa é um profilático da raiva.

- Livre-se de amizades vampirescas. Pessoas que só usam você, que estão sempre em estado de coitadinhas com problemas inssolúveis e fazem de seu ouvido um muro de lamentações.

Dê um basta, se já aconselhou o suficiente, diga:

- O que eu vou dizer, se você só quer que eu fale o que você deseja ouvir...Cansei. Você não é a Madre Teresa nem Gandhi, muito menos Jesus. Encaminhe o problema para um psicólogo.

E para finalizar:

Faça uma lista de coisas que não gosta e aprenda a dizer não para elas, em vez de dizer não para sua anima (alma), para seu espaço.

Se alguém tem mais alguma dica, poste nos comentários.

Samara Morgan

Anima = Alma

*A idéia de anima mundi (alma do mundo) foi uma noção que paulatinamente se desenvolveu na psicologia do autor e psicoterapeuta americano James Hillman


3 comentários:

Unknown disse...

Nossa que texto.....
deu em todos os meus dedos....
Obrigada

Anônimo disse...

A raiva faz com que opilemos nosso fígado desastrosamente....
um bj
Marta Campelo

Unknown disse...

Eu amei esse texto,
Realmente acontece isso em nossas vidas...
Gostei mais ainda das dicas de como por pra fora esse sentimento horrivel,e como usa-los a nosso favor.
Parabéns!