sábado, 26 de janeiro de 2008

Cultivando Diariamente


Cultivando Diariamente...

Se observarmos bem, verificaremos que cada dia vem recheado de novas circunstâncias que em muito contribuem para nosso treinamento diário. Bem, é isso mesmo, a cada dia avançamos um pouco mais em nosso treinamento. Seja ele paciência, devoção aprimoramento do caráter, não importa.

Vamos entender melhor: primeiramente vamos concordar que a raiva é uma emoção destrutiva. Estou levantando este ponto porque algumas pessoas acham que a raiva é construtiva. Elas dizem: "Fulano me roubou. Eu tenho o direito de ficar com raiva. Foi bom que eu lhe dei um fora e o coloquei no seu lugar. Se não fosse por isto, ele iria montar em mim!" Assim, tentam justificar suas raivas.

Se pensarmos assim, não faremos nada a respeito da nossa raiva, porque acharemos que ela é benéfica. Mas, vamos dar uma olhada mais profunda e perguntar: quando estou com raiva, estou feliz? Alguém fica realmente feliz quando está aborrecido, irritado ou furioso? Ninguém fica. Se nos sentimos

infelizes quando estamos com raiva, como é que a raiva pode ser positiva? Qualidades positivas nos trazem felicidade, mas quando estamos com raiva, definitivamente estamos infelizes.

Examinando nossa própria experiência, vemos que a raiva traz muitas desvantagens. Quando estamos com raiva, fazemos e dizemos coisas que mais tarde lamentamos. A raiva nos faz perder o nosso controle, então falamos aos outros com crueldade; e podemos até mesmo ferir fisicamente aqueles a quem amamos. Cada um de nós tem um armazém oculto de eventos em nossas vidas que não gostaríamos de lembrar, porque estamos envergonhados da maneira como agimos naquelas ocasiões.

Às vezes nos indagamos porque os outros não gostam de nós. Pensamos que somos pessoas bastante boas! Mas se vermos a maneira como tratamos os outros, especialmente quando estamos com raiva, então fica claro porque eles não confiam em nós.

Lembre-se de uma situação em que tenha tido raiva. Saia por um momento de seus próprios sapatos e olhe a si mesmo do ponto de vista da outra pessoa. Veja o que disse e o que fez. Você foi uma pessoa querida naquela ocasião? Você foi gentil? Você gostaria de ser seu próprio amigo quando fica irascível?

A primeira teoria sobre a evolução das espécies é elaborada pelo naturalista francês Lamarck em 1809 (ano em que nasce Charles Darwin). A capacidade dos seres vivos de mudar e evoluir já havia sido observada e registrada por muitos estudiosos, mas é apenas com Lamarck que surge a primeira hipótese sistematizada.

Lamarck diz que os seres vivos evoluem "sem saltos ou cataclismos" de forma "lenta e segura". Para se adaptar melhor ao meio, os seres vivos se modificam a cada geração. A girafa, por exemplo, teria desenvolvido um pescoço comprido para se alimentar das folhas de árvores muito altas. Os órgãos que são menos usados atrofiam, de geração em geração, e desaparecem.

Bastaria afirmarmos que Evolução é o processo através no qual ocorrem as mudanças ou transformações nos seres vivos ao longo do tempo, dando origem a espécies novas.

A evolução tem suas bases fortemente corroboradas pelo estudo comparativo dos organismos, sejam fósseis ou atuais. Os tópicos mais importantes desse estudo serão apresentados de forma resumida.

Todo crescimento e mudança requer paciência. Um bom jardineiro sabe disso. Ele tem que respeitar o tempo, preparar o solo, plantar a semente, regar, e esperar para colher os frutos. Um jardineiro planta e espera que a natureza faça o resto em seu tempo. Isso é paciência. Em relacionamentos, a paciência é uma parte vital para crescer e mudar. É a habilidade de não desistir e permanecer disponível quando as mudanças em seu relacionamento não acontecem tão rápido quanto você queria. Durante uma relação, uma parceria se desenvolve, as pessoas aprendem, ficamos mais atentos e preocupados com o outro e as necessidades de cada um são descobertas.

Esperar que tudo aconteça como e quando você quer é irreal. Na natureza, cada ser vivo precisa de um tempo para florescer, amadurecer e dar frutos. Durante esse tempo, ele precisa ser alimentado e nutrido. Desenvolvimento humano é assim também. Das sementes da mudança até os frutos da manifestação, não importa se é o crescimento pessoal ou o crescimento de um relacionamento, paciência é necessária. O jardineiro continuará a cuidar do jardim mesmo que tempestades apareçam.

Em geral, paciência requer que você permita a si e a seu parceiro levar tempo para aprender e integrar novas maneiras de ser e agir. Saiba que haverá épocas de confusão e decepções, mas será tudo passageiro e não significam necessariamente que haja alguma coisa errada.

Todos nós sabemos que, para aprender qualquer coisa, a paciência é fundamental. Quem anda atrás de resultados rápidos tem sempre grandes dificuldades para aprender.

A paciência é uma prática tão difícil quanto a disciplina e a concentração. Estabelecer regras disciplinares e seguí-las será, inicialmente, muito difícil e aí a paciência desempenha um papel fundamental.

A prática da concentração parecerá impossível nas primeiras tentativas. Se não se sabe que tudo tem o seu tempo, se se quer forçar as coisas, então na verdade nunca se conseguirá sucesso em ficar concentrado ou em fazer as coisas de modo disciplinado.

Para se ter uma idéia do que a paciência é capaz, basta que se observe uma criança aprendendo a andar. Ela cai, torna a cair, cai outra vez, e, no entanto, continua tentando, melhorando, até que um dia anda sem cair. Imagine o que poderia o adulto realizar se tivesse a paciência da criança e a sua concentração nos objetivos que lhe são de importância!

Existem algumas análises interessantes de acordo com o Budismo.

Ser paciente com as pessoas que nos prejudicam significa ser passivo? Precisamos deixar que prevaleçam suas opiniões ou deixar que nos pisem?

Não. Podemos corrigir uma má situação sem antagonismos. Aliás, seremos mais efetivos agindo assim, quando estivermos calmos e com o pensamento claro.


Como um entusiasta do esporte, não será boa a raiva porque nos ajuda a ganhar o jogo? O esporte é uma boa maneira de soltar a raiva?

Sim, o esporte é uma maneira socialmente aceitável para soltar a raiva. No entanto, não cura a raiva, só libera temporariamente a energia física que acompanha a raiva. Mas, ainda estaremos evitando o verdadeiro problema, isto é, nossas emoções perturbadoras e conceitos equivocados com relação a uma situação.

Sim, a raiva pode ajudá-lo a ganhar o jogo, mas será isto realmente benéfico? Vale a pena reforçar esta característica negativa só para receber um troféu? O perigo no esporte é tornar o "nós e eles" muito concreto. "O meu time deve vencer. Temos de lutar e derrotar o inimigo."Mas, vamos recuar um momento. Porque deveríamos ganhar e o outro time perder? A única razão é a seguinte, "Meu time é melhor porque é meu." O outro time sente a mesma coisa. Quem está certo? A competição baseada em tal auto-centrismo não é produtiva porque gera raiva e ciúme.

Por outro lado, podemos nos concentrar no processo de jogar o jogo, e não no alvo de vencer. Neste caso, apreciaremos o exercício físico, a camaradagem e o espírito de equipe, seja vencendo ou perdendo. Psicologicamente, esta atitude traz mais felicidade.

Como devemos lidar com a raiva ao testemunhar uma pessoa prejudicando a outra?

Todas as técnicas descritas acima se aplicam aqui. No entanto, ser paciente não significa ser passivo. Podemos ter de agir para impedir que uma pessoa faça mal à outra, mas a chave é fazer isto com compaixão imparcial por todos na situação.

Dentro de uma visão espiritual racional (lógico que dentro dessa visão não é fácil colocar em prática essa teoria, mas raciocinemos...) é fácil ter compaixão pela vítima, mas a compaixão pelo criminoso é igualmente importante. Esta pessoa está criando a causa para o seu próprio sofrimento: mais tarde ele pode ser torturado pela culpa, ele pode ter problemas com a lei, e ele colherá os frutos kármicos de suas próprias ações. Reconhecendo os sofrimentos que ele está trazendo para si mesmo, poderemos desenvolver a compaixão por ele. Assim, com preocupação igual pela vítima e pelo criminoso, podemos agir para evitar que uma pessoa faça mal a outra.

Não precisamos estar com raiva para corrigir um erro. As ações movidas pela raiva podem complicar ainda mais a situação! Com uma mente clara, somos capazes de determinar mais facilmente o que podemos fazer para ajudar.


Como posso ajudar alguém que esteja criando karma negativo tendo raiva de mim?

Cada situação é diferente e deve ser examinada separadamente. No entanto, algumas linhas gerais podem ser aplicadas. Primeiro, devemos verificar se a queixa do outro a nosso respeito se justifica. Se sim, podemos nos desculpar e corrigir a situação. Isto cessa a raiva do outro. Em segundo lugar, quando alguém está muito aborrecido ou com raiva, tente acalmá-lo. Não argumente, porque no seu atual estado mental ele não pode ouvi-lo. Isto é compreensível: nós não ouvimos os outros quando estamos temperamentais. Portanto, é melhor ajudá-lo a se acalmar e mais tarde, talvez no dia seguinte, conversar.


O que devemos fazer quando somos alvos da crítica?

Isto é opinião deles. Eles têm o direito de tê-la. É claro que não concordamos com eles. Às vezes podemos conseguir corrigir o conceito equivocado do outro, mas às vezes as pessoas têm a mente muito estreita e não querem mudar suas opiniões. Isto é assunto deles. Simplesmente esqueça. Não precisamos da aprovação dos outros para praticar o *dharma, mas precisamos estar convencidos em nossos corações de que o que fazemos é certo. Se estivermos convencidos, então as opiniões dos outros não são importantes. Nós não precisamos ficar defensivos. Aliás, se ficarmos agitados quando os outros nos criticam, isto indica que estamos apegados às nossas crenças, que nosso ego está envolvido e portanto sentimos compelidos a provar que nossas crenças estão certas. Quando estamos seguros daquilo que acreditamos, as críticas dos outros não perturbam a nossa paz. Porque deveriam? Críticas não significam que nossas crenças estejam erradas, nem significa que nós somos estúpidos ou maus. É simplesmente a opinião de uma outra pessoa, só isso.

Jordan Augusto

* O Dharma ou Dhamma significa Lei Natural ou Realidade. Com respeito ao seu significado espiritual, pode ser considerado como o Caminho para a Verdade Superior. O Dharma é a base das filosofias, crenças e práticas que se originaram na Índia.

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