quarta-feira, 2 de abril de 2008

Crises e Perdas


Crises e Perdas

Somos pessoas apegadas a preconceitos, vaidades, orgulhos, ressentimentos, rancores, ódios. Enfim, a uma série de valores e crenças deturpadas e que não queremos largar, acreditando que tudo isso somos nós e por conta da nossa inconsciência, cremos que estamos certos em sermos assim. Até que surgem as crises e perdas para nos mostrar uma realidade diferente e nos propiciar a transformação de valores, que até então, imaginávamos corretos.

Ninguém gosta de passar por crises ou sofrer perdas, mas elas se fazem necessárias para a nossa evolução. A energia negativa em nós é enrijecida e a crise surge para sacudi-la para que a mudança possa ocorrer. A dificuldade é que, como não gostamos de passar por crises, nós a rejeitamos, colocamos resistência à mudança, o que nos leva a mais sofrimento. Quanto mais rígidos e inflexíveis formos, mais sofreremos.

Precisamos morrer para nosso ego negativo, de forma que possamos renascer como seres melhores. Inconscientemente, o nosso psiquismo cria situações para que as perdas aconteçam e as mudanças possam acontecer.

O sofrimento é um sinalizador de que algo está errado conosco. Infelizmente, nos perdemos no efeito, no fato acontecido, e esquecemos de buscar as causas que estão dentro de nós. Precisamos ter a coragem de olhar de frente para a nossa negatividade, nossa sombra; não com condenação, mas numa aceitação da nossa imperfeição. Só assim, nos possibilitaremos a transformação.

A vida na sua sabedoria nos traz muitas vezes crises terríveis e perdemos pessoas que amamos, casamentos desmoronam, falências acontecem. Quantas vezes temos que recomeçar do zero para que possamos aprender a ver a vida de outra forma e buscar novos valores para que uma vida de mais equilíbrio e alegria possa acontecer. Velhas estruturas precisam morrer para que novas possam surgir.

Não devemos, porém, negar a crise, mas sim, caminhar junto com ela, buscando as causas reais, nos abrindo e desejando a mudança e, mais do que nunca, pedir ajuda divina para que nos inspire a entender e transformar aquilo que está inconsciente e que está nos levando ao sofrimento. Não devemos, portanto, nos colocar numa posição passiva, esperando que Deus mude a nossa vida. Essa tarefa cabe a nós, uma vez que fomos nós que nos construímos ao longo dos tempos de uma forma negativa. Por isso temos agora que nos desconstruir para que possamos realmente viver os valores divinos do nosso Ser Superior que também está em nós.

Permitir-nos encontrar as causas da nossa dor é fundamental para o nosso crescimento, contudo, pode acontecer de surgir a culpa ao descobrirmos, e, com isso, ficarmos presos em mais dor e sofrimento, muitas vezes até tentando corrigir um erro com alguém, o que nem sempre é possível. Temos a tendência a generalizar, a achar que, por termos errado, todo o nosso ser é mau. Negamos tudo de belo e positivo que também somos; todo o esforço que já fizemos para nos tornar seres melhores; tudo que já sofremos para aprender e crescer. Temos muitos eus, muitos já evoluídos e muitos ainda primitivos. Devemos nos perdoar. Naquele momento do erro não poderíamos ter agido de outra forma. É necessário abrir-nos para a transformação do padrão negativo que nos levou ao erro e perdoar-nos, assim como, termos a humildade para pedir perdão. Mesmo que não consigamos pessoalmente, a alma da pessoa em questão receberá essa energia de amor que estaremos mandando para ela. Somos uma rede de energia e estamos todos interconectados.

Somos o que pensamos e aquilo que pensamos, projetamos no universo e retornará para nós. Se ficássemos atentos aos nossos pensamentos o dia todo, perceberíamos que a maior parte deles é negativa. Estamos sempre achando que tudo e todos são os culpados por nossos aborrecimentos, conflitos e desajustes. O erro é sempre do outro. Sofremos porque as pessoas com as quais convivemos não são como desejamos, e sentimos ódio e raiva por não reconhecerem o quanto somos bons e perfeitos.

No livro O Caminho da Autotransformação, de Eva Pierrakos, o Guia afirma: "Somente uma crise pode demolir uma estrutura construída sobre premissas que contradizem as leis da verdade, da felicidade e do amor cósmico. Sem a crise a transformação é impensável" .

Reclamamos de um mundo violento e injusto que só nos traz perdas e sofrimentos, mas esquecemos que esse mundo é reflexo de todos nós. Se cada um tratasse da sua violência, arrogância e destrutividade interior, o mundo, com certeza, seria bem melhor.

As crises na nossa vida podem ser profundamente amenizadas quando temos a humildade de buscarmos em nós as causas dos conflitos. Se não conseguirmos sozinhos, devemos buscar ajuda para que a transformação verdadeiramente possa ocorrer. Só evoluiremos quando trouxermos à luz da consciência o mal que existe em nós e predispor-mo-nos a viver cada vez mais o nosso Eu Superior.

Cristina Azeredo

Um comentário:

Anônimo disse...

Querida,
Um bj com carinho
Marta Campelo